Karipuna possui uma área de 152 mil hectares e está situada a 100 quilômetros de Porto Velho, capital do estado. A região é cercada por fazendas e sofre com invasões e desmatamentos desde 2015, mais de 5 mil hectares de florestas já tendo sido destruídos nos últimos seis anos.
Adriano Karipuna, líder do povo indígena, diz que as autoridades precisam encontrar meios de proteção para o território. “O monitoramento da floresta, feito por nós junto aos parceiros, nos ajuda a entender o que acontece dentro de nossa terra e é fundamental para denunciar atividades ilegais. O Estado deve implementar um plano de proteção permanente para nosso território, com o objetivo de acabar com as invasões e o roubo de madeira de nossa floresta.”, afirma.
O levantamento mostrou que a produção de carne e soja pressionam as florestas em Rondônia – e o desflorestamento avançou sobre Karipuna e a pecuária em Porto Velho, em um crescimento de 87% na última década. Nos últimos nove anos, o território voltado à produção de soja em Rondônia mais que triplicou, passando de 111 mil para 400 mil hectares.
Outra região afetada pelo desmatamento foi a de rio Formoso, situada no sudeste do território indígena Karipuna e mais distante dos grandes centros de exploração ilegal e predatória de Rondônia. A região começou a apresentar números cada vez maiores de desmatamento quando, anteriormente, o desmatamento aparecia mais no noroeste da Terra indígena. Rio Formoso é uma área que não concentrava atividades de grilagem.
Entre agosto de 2020 e julho de 2021 a região do rio registrou 510,3 hectares desmatados – 65% do total de novos desmatamentos verificados no interior da Terra Indígena Karipuna no ano inteiro. Desse total, 94,7% – ou seja, 483,77 hectares – foram desmatados em 2021, entre janeiro e junho deste ano.
Laura Vicuña, do CIMI Rondônia, contou que a destruição verificada no chão da floresta guarda relação muito próxima com as grandes discussões globais, como o enfrentamento das mudanças climáticas. “A crise climática começa aqui, com territórios indígenas sendo saqueados, povos indígenas sendo atacados enquanto um governo negligente e conivente não cumpre seu papel para proteger nosso povo e recursos naturais. Para mitigar os impactos da emergência climática, os governos deveriam aumentar as terras protegidas em vez de reduzi-las.”, disse Laura, que atua com povos indígenas há mais de 20 anos.
Para o coordenador do projeto Todos os Olhos na Amazônia, do Greenpeace Brasil, Oliver Salge, o Brasil “fecha os olhos” para os criminosos ambientais. “Enquanto o mundo busca desesperadamente soluções para a crise climática na COP26, o Brasil faz exatamente o contrário e permite que criminosos invadam áreas protegidas e destruam a casa dos povos indígenas.”, destaca.
(Por Cynthia Araújo)