Quando Aruká voltou para sua terra, em 2008, entoou um choro ritual. Era a saudade dos seus mortos — um povo inteiro massacrado sucessivas vezes por invasores do território no sudeste do Amazonas.
O lamento, agora, é pela morte de Aruká. O guerreiro indígena tinha entre entre 86 e 90 anos e era o último homem Juma. Ele morreu nesta quarta-feira (17) vítima da covid-19, doença dos não indígenas que foi levada a sua terra. Deixou três filhas, netos e bisnetos.
Aruká, último guerreiro do povo Juma, morreu na quarta-feira (17) em decorrência da covid-19
As três filhas de Aruká casaram-se com homens do povo Uru-eu-wau-wau, uma vez que a população do povo Juma era pequena demais, resultado dos massacres e doenças.
Isso significa que os descendentes de Aruká carregam no sangue as duas etnias, mas, segundo o sistema patrilinear, são Uru-eu-wau-wau, e não Juma. É por isso que Aruká era considerado o último guerreiro de seu povo.
Da BBC Brasil